terça-feira, 12 de janeiro de 2010


O que é o autismo?

O autismo foi identificado cientificamente pela primeira vez no artigo “Austitic Disturbances of afective contact” escrito pelo austríaco Leo Kanner em 1943.
Segundo Lorna Wing, as perturbações do autismo manifestam-se, essencialmente, em três domínios: social, linguagem e comunicação, pensamento e comportamento.
A comunicação e linguagem pobres são características do autismo (cerca de 50% dos adultos com autismo não tem linguagem funcional) bem como um reportório reduzido de gestos que utilizam para atingir determinado objectivo.
O problema dos autistas reside, sobretudo, no facto de ter dificuldade em partilhar contextos, mais do que no relacionamento humano.
Estas crianças revelam, frequentemente, um atraso no desenvolvimento da linguagem sendo que as suas competências linguísticas podem variar muito: muitas não utilizam a fala nem possuem qualquer compreensão da linguagem, outras conseguem falar, ter uma boa compreensão e conseguem adquirir um vocabulário extenso, uma sintaxe relativamente normal, chegando a conseguir expressar os seus sentimentos e pensamentos.
Quando começam a falar, a maioria destas crianças apresenta muita ecolália, repetindo palavras e frases fora do contexto, e, mesmo aquelas que, mais tarde, conseguem uma relativa autonomia na linguagem, não só não tomam a iniciativa de comunicar, como, ainda, falam produzindo monólogos, não levando em consideração o que os outros dizem ou levando o seu diálogo demasiado “ à letra”.
Os pais de crianças autistas têm dificuldade em comunicar com os seus filhos, pois estes têm em menor escala os comportamentos apresentados pelas restantes crianças, através dos quais estas iniciam a sua comunicação com os pais.
Estas crianças necessitam de rotinas muito estruturadas, surgindo reacções negativas quando estas são alteradas.
Considerando todas as dificuldades de comunicação e desenvolvimento de linguagem que as crianças com autismo têm, e tendo em conta a possibilidade destas nunca virem a utilizar a fala para comunicar, torna-se necessária a utilização de formas de comunicação alternativa. Se tivermos em conta que muitas destas crianças nunca conseguirão desenvolver a linguagem, a sua principal forma de comunicação será feita através de signos gestuais, escrita, símbolos gráficos ou imagens.
Como pudemos ver pela descrição efectuada no texto, as pessoas com autismo são muito diferentes entre si, têm características diferentes, dificuldades/capacidades diferentes e nem mesmo as características principais do autismo se encontram presentes em todas elas. É, então necessário que o trabalho com estas pessoas não seja baseado num modelo único, mas antes multifacetado e individualizado, indo de encontro às necessidades de cada um, segundo as suas características individuais.

Referência:
Tetzcher, Stephen, Martinsen, Harald, Introdução à comunicação aumentativa e alternativa, Porto Editora 2000


Características mais comuns nas crianças com Perturbações no Espectro do Autismo:


* Tem dificuldade em estabelecer contacto com os olhos;

* Parece surdo, apesar de não o ser;

* Pode começar a desenvolver a linguagem mas repentinamente ela é completamente interrompida;

* Age como se não tomasse conhecimento do que acontece com os outros;

* Por vezes ataca e fere outras pessoas mesmo que não existam motivos para isso;

* Costuma estar inacessível perante as tentativas de comunicação das outras pessoas;

* Não explora o ambiente e as novidades e costuma restringir-se e fixar-se em poucas coisas;

* Apresenta certos gestos repetitivos e sem motivo como balançar as mãos ou balançar-se;

* Cheira, morde ou lambe os brinquedos e ou roupas;

* Mostra-se insensível aos ferimentos podendo inclusive ferir-se intencionalmente.

Adaptado de:

http://geracaoxupeta.blogspot.com/2009/12/intervencao-precoce.html


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